O Mestre Zen, Hakuin, vivia numa cidade
japonesa. As pessoas tinham uma grande estima por ele e procuravam-no para que
lhes concedesse orientação espiritual. Um dia, o filho adolescente do seu
vizinho entrou em sua casa, batendo os pés fortes no assoalho da casa.
O Mestre, que estava indo para o quintal
para fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o garoto para uma
conversa.
Huang, o acompanha desconfiado. Antes que seu Mestre dissesse alguma coisa, fala irritado:
- Mestre, estou com muita raiva. O Cheng não
deveria ter feito isto comigo. Desejo tudo de ruim para ele.
O Mestre, um homem simples, mas cheio de
sabedoria, escuta calmamente, o garoto que continua a reclamar:
- O Cheng me humilhou na frente dos meus
amigos. Não aceito. Gostaria que ele ficasse doente e não pudesse mais sair de
casa.
O Mestre escuta tudo calado enquanto caminha
até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo
do quintal e o garoto o acompanhou calado.
Huang vê o saco ser aberto e antes mesmo que
ele pudesse fazer uma pergunta, o Mestre lhe propõe algo:
- Huang, faz de conta que aquela camisa
branquinha que está secando no varal é o seu amigo Cheng e cada pedaço de
carvão é um mau pensamento seu endereçado a ele. Quero que você jogue todo o
carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como
ficou.
O garoto achou que seria uma brincadeira
divertida e pôs mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do garoto e
poucos pedaços acertavam o alvo.
Uma hora se passou e o garoto terminou a tarefa.
O Mestre que espiava tudo de longe se aproxima do garoto e lhe pergunta:
- Huang como está se sentindo agora? Estou
cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.
O Mestre olha para o garoto, que fica sem
entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:
- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe
mostrar uma coisa.
O garoto acompanha o Mestre até o quarto e é
colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo. Que
susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhos.
O Mestre, então, lhe diz ternamente:
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